A AAPC no Jornal de Angola de 22 de Abril com

Especialista pede auditoria às obras de reconstrução.

 

O presidenteda Associação Angolana de Projectistas
e Consultores (AAPC) propôs, segunda-feira, uma auditoria técnica às infraestruturas construídas ou reabilitadas a cargo do Gabinete de Reconstrução Nacional, co-responsabilizando as instituições financiadoras pela fraca qualidade de muitas obras, algumas das quais inacabadas.
Questionado sobre a conclusão do plano de drenagem de Luanda, uma obra que considerou “complexa” e com custos elevados que o país não está em condições de suportar, José Paulo Nóbrega recordou que, ao longo dos anos da reconstrução nacional, que se sucedeu ao fim do conflito armado em 2002, nem sempre o dinheiro foi bem aplicado.
“Esgotou-se o dinheiro que se tinha para fazer estes trabalhos, deixando-os por concluir. Agora é preciso encontrar as verbas adequadas para poder terminar essas intervenções, num país que tem as dificuldades que conhecemos para pagar essas dívidas, que nem sempre foram úteis”, lamentou José Paulo Nóbrega.
O especialista sublinhou que muitas empresas “não tiveram a melhor actuação, e não é só um problema de Angola, porque essas empresas foram indicadas por instituições que financiaram a
dívida e nem sempre esse dinheiro foi bem aplicado e alguns dos trabalhos não foram terminados”.
Defendeu, por isso, a necessidade de uma auditoria técnica: “As pessoas ficariam surpreendidas por reparar que nem sempre a responsabilidade é dos políticos angolanos”, afirmou o engenheiro, considerando que houve “muita irresponsabilidade na abordagem técnica que foi efectuada”.
Para o responsável da AAPC, as instituições que financiaram a dívida contraída por Angola para a reconstrução nacional “são co-responsáveis pela falta de qualidade de muitas infra-estruturas”,
algumas das quais ficaram por concluir.
Em causa está a forma como foram construídas ou recuperadas algumas estradas nacionais, pontes e outras infra-estruturas.
“A maior parte dessas obras foram feitas por empresas que foram indicadas por quem financiou, empresas que têm alvarás e técnicos e, apesar disso, fizeram obras que não duraram tempo nenhum e que estão destruídas”, criticou o engenheiro, salientando que o país está a ser reconstruído “pela segunda vez”.
Lembrando que “a reconstrução nacional é um assunto muito caro a um país”, José Paulo Nóbrega assinalou que Angola “não tem capacidade financeira para se reconstruir, de três em três
ou quatro em quatro anos”, o que está a acontecer com algumas estradas e pontes.
“Isso em termos financeiros para o país é um desgaste extremo e as responsabilidades das obras mal feitas nem sempre podem ser apontadas” aos decisores angolanos, reforçou o presidente da AAPC, frisando que “as pessoas, de forma ligeira, tentam indicar factores socialmente reprováveis, mas também existem factores tecnicamente reprováveis”.

 

Notícia Jornal de Angola, 22 Abril em PDF